quinta-feira, 2 de agosto de 2012

MILLENIUM


OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES, UM DRAMA POLICIAL BEM CONTADO PARA MAIORES DE 16 (!) ANOS.

Cenas de sexo explícito ou, ainda pior, estupro explícito num drama policial com censura livre para maiores de 16 anos. Que foi que perdi? Com que idade os jovens de hoje teriam, em tese, equilíbrio emocional para encarar coisas desse tipo?
O autor do romance – Stieg Larsson (1954 – 2004) – era jornalista sueco e fumava muitos maços de cigarro por dia. Certo dia, o elevador do prédio onde ficava seu escritório não estava funcionando por falta de energia elétrica.  Larsson decidiu subir pelas escadas. Sofreu um infarto fulminante, partindo dessa para melhor.
A atriz indicada para o Oscar, Rooney Mara, está excelente, em atuação quase paradigmática. Rooney interpreta a “garota com tatuagem de dragão” – Lisbeth Salander – que é um arquetípico oposto das heroínas. É hacker. Tem o corpo tatuado. É lésbica a maior parte do tempo. Bissexual quando interessa. Antissocial e paranoica. 
O mote do suspense narrativo que se revela no final é o fato de Harriet, que motiva a investigação policial, ter sido seviciada sexualmente desde a infância, primeiro pelo pai e depois pelo irmão. 
O filme é um berro de nojo antes de encarar o vomito: o sexo é uma coisa suja, que escancara o pior do ser humano.  O impacto de cenas que rasgam as defesas de nossa zona de conforto e um suspense magistralmente construído são os grandes méritos da estrutura narrativa de Larsson. 
Se fosse contado linearmente ficaria parecido com um episódio da série Lei e Ordem – SVU e seu explícito discurso moral.
Fica provado que uma mesma história adquire identidade própria quando bem contada.   No fundo, o escritor é um vendedor de ideias e histórias. 

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