terça-feira, 16 de outubro de 2012

“O FIM DA INFÂNCIA”



Já na primavera de nossas vidas – que é a infância – percebemos que a vida não é sopa.  Às vezes é leite; às vezes é papa também.
Depois – depois de nos induzirem a pensar que somos o centro do universo naquele berço esplêndido, onde avós, tias-avós, vizinhas e tias de distante parentesco nos deitam babas e olhares maravilhados – começam  a fazer perguntas: “Tá pensando o quê?” “Quem você pensa que é; o rei da cocada preta?”
A maior decepção acontece quando a Mecânica Celeste deixa muito claro que não somos o centro do universo, mas mísera poeirinha na periferia do mundo.
O golpe de misericórdia vem a prestações, naqueles papos de pai para filho, cujo stress é um tema recorrente: “Até quando acha que vamos resolver os teus problemas, filho?” “Não tá não na hora de assumir tua vida?” “Tuas escolhas tem consequências, já pensou que precisa assumi-las?”
Blábláblá que anuncia o fim da infância. Sem tonitruantes ribombares nem lampejos celestes, mas um ”Deus nos acuda!”. Afinal sempre houve uma sutil promessa, a esperança num pai maior, um Deus que de nós cuida.
Verão vai, Outono vem e, para além das promessas e esperanças, a grande certeza: a vida não é sopa.
Vários endereços, cardápios variados, a mesma epígrafe – a vida não é sopa.
Da promessa entendemos tudo errado.
Deus não mete o bedelho nas nossas vidas.
Somos todos um e para todos Ele diz: tuas escolhas tem consequências, já pensou que precisa assumi-las?
         Quando o Verão maduro com seus frutos coloridos?
Quando o Fim da Infância da Humanidade? 



PS: “O fim da infância” é o título de um dos primeiros romances de Arthur C. Clarke, o mestre da ficção científica. 
A Editora Aleph lançou uma reedição em 2010.  Recomendo.

 todos os direitos reservados AKEMI WAKI

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